À frente de “O Assunto”, que completa dois anos nesta quinta-feira, 26, âncora da Globo fala sobre as vantanges do áudio on demand
Bárbara Sacchitiello
26 de agosto de 2021
No dia 26 de agosto de 2019 o primeiro episódio do podcast “O Assunto”, que naquele dia passou a compor o portfólio de conteúdo do G1, trazia como tema as queimadas na região da Floresta Amazônica. Na ocasião, a jornalista e apresentadora do Jornal da Globo, Renata Lo Prete, conduziu entrevistas com a diretora de ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Ane Alencar, e com o repórter do Fantástico, Álvaro Pereira Júnior, a respeito da situação na região e de seus impactos no meio-ambiente.
Daquele dia em diante, Renata seguiu, diariamente, ancorando diversos temas do Brasil e no mundo para produzir um formato que, com o passar do tempo, foi ganhando mais popularidade entre o público brasileiro, sobretudo nos quase 18 meses de vivência sob a pandemia de Covid-19. Uma pesquisa realizada pela Globo junto à Kantar Ibope, que ouviu mais de mil pessoas, apontou que 57% delas passaram a consumir podcasts durante a pandemia. Quem já gostava do mercado, passou a dedicar ainda mais tempo a ele: 31% declararam que, durante o último ano e meio, passaram a ouvir mais podcasts.
Globo: pandemia eleva consumo de podcasts
Na visão de Renata Lo Prete, quando se viram obrigadas a se isolar, as pessoas encontraram nos podcasts uma forma de companhia. “A oralidade é a primeira forma de comunicação. Bebês identificam sons antes mesmo de nascer. Por falarem ao pé do ouvido, os podcasts conseguem criar uma relação de intimidade com o público”, diz a jornalista.
“O Assunto” completa dois anos com a marca de 60 milhões de downloads, segundo a Globo. A âncora do projeto vê no formato do áudio digital uma oportunidade de o público, sobretudo os mais jovens, ampliarem seu consumo de notícias. “O podcast é uma alavanca para a sustentabilidade da indústria jornalística. Não é só porque o formato passou a fazer parte da rotina de milhões de pessoas, mas porque uma parte expressiva dessa audiência é formada por jovens, que andavam distantes do consumo de notícias em formatos mais tradicionais”, acredita a jornalista.
Outro aspecto destacado por Renata é a facilidade de consumo que o formato apresenta, permitindo que as pessoas ouçam o episódio enquanto se dedicam a outras atividades. “O áudio on demand contorna as barreiras do espaço-tempo que outras mídias enfrentam. O vento está a favor dos podcasts”, acredita.
O desempenho de “O Assunto” acabou levando a Globo a incrementar os investimentos em áudio digital. Além de criar uma área específica para o formato em sua estrutura, liderada pelo head Guilherme Figueiredo, a empresa ampliou o investimento na produção de podcasts próprios sobre diversos assuntos, além de firmar parcerias com outras empresas produtoras, como o B9. De janeiro a julho, a Globo colocou no ar 22 podcasts produzidos em parcerias e, até o final do ano, a previsão era dobrar essa quantidade.
Para o futuro de “O Assunto”, Renata pontua que a produção de conteúdo enfrentará os mesmos desafios que exigem um grau cada vez mais alto de responsabilidade do jornalismo profissional por conta do cenário que se apresenta no horizonte, composto pelos traumas da pandemia, crise do desemprego, proximidade do ciclo eleitoral e os ataques que a democracia vem enfrentando. “Temos de redobrar no podcast os cuidados com a curadoria dos temas e dos entrevistados a fim de garantir pluralidade e densidade informativa. Cada minuto de ‘O Assunto’ tem de valer a pena para nosso ouvinte”, finaliza.
Fonte: Meio & Mensagem